HÁ ALGO DE PODRE NO REINO DA ÚLTIMA FLOR DO LÁCIO (OUT-2013)

O ensino de Língua Portuguesa parou no tempo, não só no ensino público, como muitos logo associariam a tal afirmativa, entrementes na sua completude (claro que devem existir ilhas de exceção como em toda boa regra). Como podemos afirmar isso? Que elementos dão suporte à tão contundente afirmação?
Como resposta aos questionamentos, digo apenas que não sei, pois busco ser como um filósofo antigo que existiu, analfabeto, não sabia ler nem escrever, mas sabia questionar como ninguém, e com seus questionamentos destruir e criar verdades. Não viso aqui o vigor do método científico para essa explicação, viso apenas à reflexão de todos os interessados.
Alguns dados podem nos dar provas do que afirmo (não científicas).
Se a escola brasileira ainda ensina como conceito de substantivo que “substantivo é a palavra que dá nome aos seres”, como esperar que a criança brasileira saiba o que é um substantivo?
 Esse exemplo simples nos mostra o quanto o ensino da gramática ainda está preso a suas origens clássicas, mais precisamente na Grécia. Como os primeiros a pensá-la eram filósofos, em seus conceitos predominavam explicações de cunho semântico, esses conceitos geravam e geram questões filosóficas, não certezas lingüísticas.
Por exemplo: no sintagma “o nada” a palavra “nada” é sem dúvida um substantivo, no entanto não é um ser, é antes um não ser, uma ausência do ser, apesar de que alguns defendam que o “nada” seja um ser. Perceba, a questão deixou de ser do escopo do estudo de língua, da Linguística e passou a ser do escopo da Filosofia.
Na minha ignorância, percebo que até hoje no Brasil se ensina gramática assim, como os gregos a inventaram. Nessa forma de ensinar, há predominância do uso da semântica, ou seja, os conceitos das classes de palavras se baseiam no significado das palavras para expor a base conceitual. O critério semântico é bom, no entanto é muito perigoso e traiçoeiro, nos leva facilmente ao erro, é um digno canto da sereia.
De outra forma o ensino das classes de palavras seria mais denso se em detrimento do critério semântico fossem utilizados o critério morfossintático, em que as classes gramaticais são conceituadas a partir da função que as palavras exercem na estrutura da sentença.
Aprender classes gramaticais desta forma ajuda a ler, interpreta e, escrever melhor.
Compreender que cada palavra na organização textual desempenha uma função pragmático-comunicativa transforma o estudante em cidadão, por que dá a ele as bases intelectivas e cognitivas para ser um pensador autônomo capaz de interferir na realidade de sua comunidade.