Matéria impressa na VEJA desse final de semana reporta um
encontro entre o ex-presidente Lula e o ministro do STF Gilmar Mendes, ocorrido
no escritório do ex-ministro do STF Nelson Jobim.
VEJA revela a fonte: o próprio ministro Gilmar Mendes. A
revista, constata-se, tem na sua lista de informantes de empresário de jogos a
ministro da Suprema Corte.
> Adiamento do julgamento em troca de proteção na
CPMI
No encontro, ocorrido no dia 26.04.2012, em Brasília, Lula
ponderou com Gilmar Mendes que seria “inconveniente julgar o mensalão agora” e
mostrou-se particularmente preocupado com o seu protégé José Dirceu,
segundo ele "desesperado".
Lula tocou a conversa à “CPMI do Cachoeira” revelando ter
informações de que Gilmar Mendes teria viajado à Berlim, juntamente com o
senador Demóstenes Torres, com as despesas pagas por Cachoeira.
> Uma mão lava a outra
Mas tranquilizou o ministro afirmando ter o controle da CPI,
oferecendo-lhe proteção. Insinuou-lhe, todavia, que em troca deveria trabalhar
para adiar o julgamento do mensalão para 2013, quando a maioria das penas já
estaria prescrita.
Gilmar, perplexo com as insinuações “despropositadas” confirmou
a viagem a Berlim, ponderando ter como provar que pagou as próprias despesas.
Disse que vai amiúde a Berlim, pois tem uma filha que lá reside e em uma das
viagens encontrou o senador Demóstenes.
> Sepúlveda Pertence cuidaria de Carmen
Lúcia
Prossegue o ministro Gilmar Mendes que Lula lhe confessou que
encarregaria o ex-ministro do STF Sepúlveda Pertence (hoje membro do Conselho de
Ética da Presidência) a convencer a ministra Carmem Lúcia a deixar o julgamento
do mensalão para 2013. “Vou falar à Pertence que cuide dela”, teria dito Lula.
> Ricardo Lewandowski
Quanto ao ministro Ricardo Lewandowski (apontado por Lula, a
pedido de dona Marisa para a vaga no STF), Lula demonstrou preocupação: “Ele
(Lewandowski) só iria apresentar o relatório no semestre que vem, mas está
sofrendo muita pressão (para antecipar)”, revelou Lula.
> Joaquim Barbosa e Dias Toffoli
Sobre Joaquim Barbosa Lula adjetivou-o como um "complexado" e
disse a Gilmar Mendes que pediu ao ministro José Dias Toffoli (ex-Advogado Geral
da União durante parte do governo Lula e ex-assessor de José Dirceu na Casa
Civil) para participar do julgamento quando esse ponderou que se julgaria
suspeito.
> Prevenindo-se das versões
Para se resguardar de comanditas posteriores, o ministro Gilmar
Mendes revelou a VEJA que relatou todo o teor do encontro a dois senadores, ao
Procurador Geral da República, Roberto Gurgel, ao Advogado Geral da União e ao
presidente do STF, Ayres Britto.
> Jobim confirmou o encontro mas “não ouviu a
conversa”
O ex-ministro Nelson Jobim confirmou à VEJA o encontro em seu
escritório, mas se negou a revelar o conteúdo da conversa. A VEJA tentou ouvir
Lula sobre o assunto, mas reporta que a assessoria do ex-presidente informou que
ele não falaria.
> Onde os fracos não têm vez
Restou-me como herança, na dupla passagem pela Prefeitura de
Tucuruí, três processos aos quais respondo.
Como as chances de eu ter o ex-presidente Lula intercedendo por
mim são nulas, tenho que me virar nas letras ou o a caneta me acha.
Blog do Parsifal