Maior dor de cabeça de Luiz Inácio Lula da Silva durante sua
gestão, o Senado está cada vez mais dilmista. A taxa média de governismo dos
senadores cresceu em 2012 na mesma proporção que diminuiu a adesão dos deputados
federais ao governo de Dilma Rousseff. Hoje, o Senado é mais governista do que a
Câmara. É o que revela nova funcionalidade do Basômetro, ferramenta online de
avaliação do Congresso desenvolvida pelo Estadão Dados. Os votos nominais dos
senadores na atual legislatura foram incorporados pelo Basômetro.
Em 13 votações abertas ocorridas no Senado em 2012, o governo
conseguiu em média 84% dos votos. Na Câmara, no mesmo período, ocorreram 18
votações nominais e o governo obteve um resultado pior em 10 pontos porcentuais:
capturou 'apenas' 74% dos votos dos deputados, em média. Em 2011 a situação era
inversa. A taxa de governismo de 2011 no Senado foi de 78%, enquanto a da Câmara
ficou em 80%.
Essa maré mansa para Dilma no Senado resultou em apenas uma
derrota do governo entre os senadores. E mesmo assim foi em uma votação secreta
(portanto, não incluída no Basômetro pois não é possível identificar os autores
dos votos), aquela que rejeitou a recondução de Bernardo Figueiredo para o
comando da Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT). Ao mesmo tempo,
Dilma perdeu cinco votações na Câmara.
Mudança
O que mudou no comportamento dos senadores? Quem ficou mais
governista?
Com exceção do PSB e do PMDB, todos os maiores partidos ficaram
mais governistas em 2012, ao menos por enquanto. Até os senadores de oposição
votaram mais parecido com o líder do governo neste ano. A proporção dos votos
governistas do PSDB teve o maior crescimento proporcional entre todos os grandes
partidos, de 33% para 54%. Com os do DEM aconteceu a mesma coisa: o governismo
bateu em 59% até agora. Ou seja, na média, os senadores dos dois principais
partidos de oposição votaram mais com do que contra o governo neste ano.
Mais cotado presidenciável do PSDB à sucessão de Dilma, Aécio
Neves votou duas vezes mais com a presidente do que contra ela em 2012:8 a favor
e apenas 4 contra - taxa de governismo de 67%. Foi uma mudança radical de
comportamento em relação a 2011, quando o senador mineiro votou apenas 35% das
vezes junto com o governo.
Aécio não foi o único que migrou para a metade governista do
Senado - mesmo que provisoriamente - em 2012. O líder do PSDB, Álvaro Dias,
votou 58% das vezes junto com o líder de Dilma. O presidente do DEM, senador
José Agripino, teve a mesma mudança de comportamento de Aécio, com praticamente
as mesmas taxas de governismo.
Mas ninguém bate o PSD em 2012. Os dois senadores do partido
registraram 100% de votos com o governo este ano. Foram 7 votos a favor de Kátia
Abreu e 8 de Petecão, mas nenhum contra. Foi um movimento oposto ao de seus
colegas de legenda na Câmara, que votaram mais vezes com a oposição em 2012.
A proporção de senadores no 'núcleo duro' do governo chegou a
54% em 2012. Ou seja, a maioria do Senado votou 90% das vezes ou mais com o
Planalto este ano. 'As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
ESTADÃO