ESTADO GRANDE: PERIGO CONSTANTE

Ainda por conta do movimento estudantil ocorrido no CEAL na última terça, ouvi alguém dizer que barrar os alunos por conta do uniforme era um absurdo, porque o governo tem que dá tudo para os alunos: material escolar e uniforme.

Objetivamente o governo já dá, o Programa Bolsa Família tem essa finalidade, para ser inscrito no Bolsa a família tem que garantir os filhos na escola, para isso o dinheiro do benefício é dado, para a família ter condições de financiar o estudo da criança, não é para outra coisa o dinheiro do benefício.

Considero um senso comum neanderthal considerar que o governo tem obrigação de dar tudo ao cidadão (senso comum é um pensamento coletivo que não se palta em uma análise de abstração mais complexa, está no nível do achismo por padecer de base racional reflexiva).

Caro leitor, pense, nós queremos viver em um país onde o governo tem que sustentar as pessoas, os cidadãos? Ou em um país onde as próprias pessoas tenham condições de se suster?

É preciso se compreender que quanto maior o Estado, menor é a nossa liberdade individual, o Estado passa a querer regular a vida particular das pessoas. Leis como a lei da palmada são um exemplo disso, é interferência direta do Estado na forma de criar os filhos, não questiono aqui se a lei da palmada é boa ou ruim, só a utilizo para exemplificar minha tese.

Quanto mais os cidadãos dependem do Estado, mas o Estado se torna poderoso e a sociedade se enfraquece diante este poder, por isso que em geral este tipo de Estado desemboca em ditadura, vide Venezuela.

Um país com as desigualdades sociais como o nosso necessita ter uma rede de amparo estatal em defesa dos mais pobres, o PT fez isso, criou esta rede, fortaleceu-a. Se por um lado isso é importante porque tirou milhares de pessoas da miséria, por outro leva o Estado democrático à ditadura.

É exatamente isso que aconteceu na Venezuela, Equador, Bolívia, uma vez no poder os socialistas implataram os programas sociais aos mais pobres, com isso ganharam consistência eleitoral, força, poder, que na democracia é o voto, com a força do voto elegeram suas bancadas parlamentares que lhes dão três mandatos, quatro... A ditadura, entre outras peculiaridades, caracteriza-se pela vitaliciedade no poder, se não muda o governante, é ditadura.

Observem que isso aconteceria no Brasil também se o Lula não fosse consciente de seu papel histórico, ou alguém acha que o congresso e o povo negariam um terceiro mandato ao Lula, dinamitando nossa democracia.

A presença do Estado é importante, mas tem limites, sob pena de perdermos a liberdade a preço de migalha, pois a longo prazo os programas sociais como o Bolsa parecem se tornar ineficazes, porque amenizam a situação, mas não resolve o problema, na verdade só se aprofundam se o Estado se isolar do contexto da globalização, vide novamente a Venezuela, a Argentina, observai os exemplos de nossos vizinhos, onde os problemas sociais se acentuam a cada.

Domingo da mães a Dilma lançou com pompa e festa mais um programa social, o Brasil Carinhoso, achei bacana, mas faço esta ressalva, prefiro a democracia que tão bem tem feito a nosso país, não vivemos em um excelente Estado, mas vivemos em um Estado muito melhor do que já foi, graças a democracia. Colocamos um sociólogo no poder, um trabalhador, uma mulher, e tudo isso nos fez bem, continuemos assim, achamos o caminho, agora é só trilhar.