EXTERMINADOR SEM FUTURO



E aí, caros leitores deste blog, gostaram da produção cinematográfica izabelense? A Mariana Lisboa está ou não de parabéns? Tem muita coisa acontecendo na cidade e nós acabamos ficando sem saber, creio que uma das funções deste blog é esta, mostrar nossa cidade e suas manifestações sociais: Cultura, política, econômia...

Este post irei dedicar á análise do filme Exterminador sem Futuro, quero apresentar meu ponto de vista e explicar porque gostei, advirto-vos no entanto de que não sou nenhum crítico cinematográfico, nisso sou apenas um curioso.

O filme produzido pela Mariana traz como protagonista o seu irmão Zezinho Lisboa em atuação impecável, fez um excelente papel de máquina, quase não se percebe que é um ser humano.

Talvez, para quem nunca teve outras experiências cinematográficas além da hollywoodiana, fique faltando um nexo narrativo na estrutura do enredo, isso ocorre porque a narrativa proposta pelo filme, apesar de tradicional como as de Hollywood- que apresentam início meio e fim com o enredo bem dividinho em quatro partes: normalidade, quebra da normalidade, resolução do conflito e volta à normalidade- a narrativa izabelense não nos oferece a resolução do conflito exatamente porque este não existe, não existe um conflito a ser resolvido. A narrativa é cronológica o que cria no telespectador a expectativa de contemplar um enredo completo em todas as suas partes. O filme da Mariana não possui um fim narrativo, tem o início e o meio, mas não tem o fim. Para onde o exterminador foi depois que falou com as meninas, depois do hasta la vista, o que ele foi fazer? Qual era o seu propósito ao vir para (ou a) Santa Izabel?

Um telespectador mais tradicional pode ter comentado ou pensado "não tem nada a ver".

A ausência de um conflito e um fim narrativo não diminui em nada a obra, ao contrário, para mim isso é o mais fantástico, não ter uma historinha com enredo bem organizadinho nos padrões clássicos de narrativa é o valor da obra, é onde reside sua força criativa e inventiva, o enredo vai de um lugar para lugar nehum, isso é bom! Só quem nunca assistiu a um filme de Glauber Rocha diria que o filme da Mariana não tem nada a ver.

Se não há um conflito a ser resolvido em que reside o núcleo do enredo?

O núcleo do enredo não é um conflito apresentado da forma clássica, isso não existe, a força do enredo é o próprio enredo, os recortes fotográficos, a angulação da câmera, os zoons, as músicas. è uma narrativa cronológica, entrementes, estes aspectos que apresento, dá a imprenssão de que é uma obra psicológica, mais subjetiva.

O enredo inicia com a chegada do exterminador ao presente, a narrativa progride com cenas pontuais e impactantes como a da flor sendo pisada. A história desenvolve-se até a briga no bar com o motoqueiro (Marcus Sadao), a luta é finalizada pelo androide com facilidade dada a sua desmesurada força de máquina. Quando o robo sai do bar a narrativa evolui, abandona a narração ordinária e nos leva para um passeio pelas ruas da cidade com tonalidade vermelha (perspectiva do olho biônoco do robô) e uma música muito boa e adequada ao desenvolvimento do texto em movimento.

A narrativa dá lugar à contemplação, é pura poesia acompanhar o passeio do exterminador pelas ruas da cidade (o que torna o filme ainda mais psicológico), isso se acentua porque temos uma relação hitórica, social e cultural com a cidade, a reconhecemos no filme, a vemos por uma perspectiva com cor diferente, inusitada.

O filme encerra com a quebra de uma expectativa criada após a célebre frase do exterminador izabelense, frase que é repetida entre as pessoas do meio:

"Quero suas roupas, sua bota e sua motocicleta"

Quando o exterminador sai do bar, o ângulo da câmera nos leva a creditar que o passeio pelas ruas é em uma moto, só ao fim do filme que nos é revelado que passeio foi dado em uma bicicleta. Talvez por isso o exterminador made in Santa Izabel seja sem futuro.

A única falha perceptível no filme é o áudio na chegada do exterminador ao bar, ficou baixo, não é nítido o som, problema comum em cenas externas.

No mais tudo ficou bom: música, fotografia, edição, atuação dos atores com destaque para o Zezinho que enriqueceu e peculiarizou um personagem batido e caricato. Destaque também para a exploração dos recursos de captação de imagem: A angulação da câmera criou as deviadas sensações e o som a devida atmosfera.

Fica os meus parabéns a todos que participaram deste excelente trabalho.