Salame diz que reivindicações do MST são justas, mas condena transtornos causados a Marabá

O  bloqueio do  trecho urbano da Rodovia Transamazônica em Marabá, no sudeste do Pará, na manhã de quinta-feira,  por 1,5 mil  integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) e da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetagri), que cobravam o assentamento de oito mil famílias, assistência técnica nos lotes já existentes e emissão de licenças ambientais, não passou desapercebido pelo deputado João Salame (PPS), que se encontra em São Paulo, a serviço da CPI do Tráfico Humano, da Assembléia Legislativa do Pará. No twitter, Salame opinou sobre o episódio, dizendo:  “De SP fico sabendo do caos que se tornou Marabá. Não é possível que um problema localizado perturbe toda a cidade. O Incra é o culpado”.
Depois de negociação com uma juíza e uma promotora, e a presença no local da Polícia Militar (PM), os manifestantes liberaram a estrada no começo da tarde. O deputado lamentou a atitude dos sem-terra, pelos transtornos que causou à população. “Toda a pauta do MST diz respeito ao governo federal. Mas o município é que está sofrendo e o Estado é chamado pra reprimir. É o mesmo filme”.
Na opinião do deputado, é  ” justa a demanda dos sem-terra. Mas não podem ter a antipatia da população parando a cidade. Devem radicalizar contra o Incra,que os engana. Se estiverem fechando o porto do Amapá é ação tresloucada.O MST, assim, está se colocando contra os trabalhadores da cidade”.
Os procuradores da República em Marabá, Tiago Modesto Rabelo e André Casagrande Raupp, ingressaram com ação na Justiça Federal, pedindo a desocupação das vias de acesso aos órgãos públicos na área onde está localizada a superintendência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), invadido e ocupado por cinco mil agricultores sem terra desde a semana passada.
Rabelo e Raupp também cobravam a desobstrução de estacionamentos públicos e das calçadas para permitir o acesso da população aos prédios da Justiça Federal, INSS e outros órgãos cujos caminhos foram ocupados pelos sem terra.
O MST, porém, não pretendia sair do prédio do Incra até que fosse  negociada, com autoridades de Brasília, a pauta de reivindicações do movimento. A juíza confirmou para a próxima segunda-feira, em Brasília, uma reunião entre líderes do MST e da Fetagri e o ministro do Desenvolvimento Agrário, Afonso Bandeira Florence. Os dirigentes das duas entidades pedem também as presenças na reunião do secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, e do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão.
"Estamos cansados da enrolação do Incra com os trabalhadores rurais. Ninguém vai desocupar a sede aqui em Marabá enquanto nossas reivindicações não forem atendidas pelo governo federal", afirmou Tito Moura, um dos coordenadores do MST na região. Para a direção do Incra, a pauta dos movimentos sociais foi quase toda atendida e não há mais razão para o prédio continuar ocupado.
Segundo o superintendente do órgão em Marabá, Edson Luiz Bonetti, o orçamento triplicou para que as reivindicações fossem atendidas, principalmente com recursos para manutenção de estradas, assistência técnica e serviços de topografia nos assentamentos.
Moura rebateu, afirmando que nada ficou decidido na reunião com o Incra, porque os assentamentos que serão criados ainda estão na dependência de desapropriações, da desocupação de terras públicas e da retomada de lotes que estão em poder de grileiros. O líder do MST ameaçou "botar oito mil sem terra" na sede do Incra se a reunião em Brasília com o ministro não contemplar integralmente a extensa pauta do movimento.

 
Blog do Deputado João Salame